
Aversive Anhedonia no Autismo: Sensibilidade Sensorial e Como Amenizá-la
A aversive anhedonia no autismo é uma condição pouco comentada, porém muito presente em pessoas com sensibilidade sensorial característica do transtorno do espectro autista (TEA). Ela se manifesta como uma dificuldade extrema para desfrutar ou até tolerar estímulos sensoriais comuns para a maioria das pessoas, o que pode impactar diretamente na qualidade de vida e no bem-estar emocional.
O que é a aversive anhedonia no autismo?
Esse termo pode soar técnico, mas resume uma experiência muito real: indivíduos autistas que possuem hipersensibilidade sensorial enfrentam uma forma aversiva de anhedonia, ou seja, uma incapacidade de sentir prazer em estímulos que normalmente seriam agradáveis para outras pessoas. Isso gera uma seletividade extrema em relação ao que podem ouvir, comer, vestir ou até mesmo observar no ambiente ao redor.
Por exemplo, muitas pessoas relatam que a maioria das músicas soa desagradável ou estridente, a maior parte dos alimentos apresenta texturas, aromas e sabores intoleráveis, e os tecidos das roupas comuns provocam irritação quase imediata na pele. Esse nível de seletividade não se resume apenas ao físico, mas também ao visual, como a forma como as roupas são esteticamente percebidas, tornando até mesmo tarefas simples como comprar roupas um desafio estressante.
Como a sensibilidade sensorial relaciona-se com a aversive anhedonia?
Essa conexão está na qualidade e intensidade da percepção sensorial. No autismo, o sistema nervoso central processa estímulos de forma diferente, tornando sons mais altos, texturas mais ásperas e luzes mais intensas do que para uma pessoa neurotípica. Essa amplificação dos sentidos gera uma sobrecarga que se traduz em aversão e, consequentemente, na anhedonia — a falta de prazer.
Com o tempo, essa experiência pode gerar um efeito de tunnel vision hedonista, onde o indivíduo autista passa a ter um repertório cada vez mais restrito e rígido de estímulos suportáveis, fazendo com que o espectro do prazer sensorial diminua ainda mais. Essa dinâmica é cansativa mentalmente e socialmente isolante, afetando o bem-estar geral.
Estratégias para amenizar a aversive anhedonia no autismo
Embora essa condição seja complexa, existem algumas abordagens que podem ajudar a melhorar a experiência sensorial e reduzir o impacto da aversive anhedonia:
- Identificação de gatilhos sensoriais: Manter um diário sensorial para mapear quais estímulos são mais aversivos pode ajudar no planejamento e na redução de exposições indesejadas.
- Uso de tecidos adequados: Priorizar roupas feitas de algodão de alta qualidade, como relatado por muitos autistas, reduz a irritação e torna o conforto físico mais acessível.
- Experimentação gradual de novos estímulos: Expor-se lentamente, com apoio clínico, a estímulos sensoriais evitados pode ajudar a expandir o repertório tolerável de prazeres.
- Terapias sensoriais especializadas: Intervenções como terapia ocupacional com enfoque sensorial são fundamentais para adaptar o ambiente e desenvolver estratégias pessoais de regulação.
- Busca por apoio emocional: Grupos de apoio e psicoterapia podem auxiliar no manejo do impacto psicológico associado à aversive anhedonia.
- Atenção à alimentação: Consultar nutricionistas familiarizados com TEA para criar planos alimentares que atendam às restrições sensoriais e necessidades nutricionais, sem onerar financeiramente o indivíduo.
É importante lembrar que cada pessoa é única, portanto, as estratégias devem ser personalizadas e acompanhadas por profissionais capacitados. O reconhecimento e o diálogo aberto sobre a aversive anhedonia no autismo são passos fundamentais para que haja mais qualidade de vida e inclusão.
Se você deseja se aprofundar ou conhecer relatos pessoais sobre essa condição, veja a publicação original [aqui](https://www.reddit.com/r/Biohacking/comments/1o9lolr/autism_sensory_sensitivity_related_aversive/).